Minha infância

Minha infância. 
Nasci no dia 28 de fevereiro de 1956.
Uma menina muito amada pela família. 
Nasci dentro de um hospital
Minha mãe com um médico, começaram a trabalhar neste hospital que com o tempo ela passou a administrar. 
Ela era enfermeira,  parteira, e formada em Farmácia.
Além  de mim meu irmão mais velho, Airton 1955 Marília 1958 e Mariza 1960. 
Éramos em 4 crianças saudáveis. 
Felizes nesta família.  
Como eu disse minha mãe administrava o hospital. 
Muitas pessoas trabalhavam ali, às enfermeiras e as faxineiras. 
Minhas avós mãe da minha mãe e minha Nona mãe do meu pai. Eram as que cuidavam ou ficavam de olho em nós crianças. 
A mãe da minha mãe a gente chamava ela de bathia. Em polones era assim.
Minha mãe trabalhava muito, mal a  víamos. O meu pai ajudava em alguma situação. Ligado a política foi vereador substituíu uma época o prefeito,  coisas q eu me lembro.
Até tem algumas escolas no interior de Descanso com o nome dele.
Tbm pegava eu e minhas irmãs  
 nos levava consigo, ele tinha um jeep 4 portas não esqueço.
Ele fazia gestos pensando, como se tivesse fazendo um discurso.
 Aí a gente perguntava, porque ele fazia aqueles gestos, ele dizia não contam pra ngm, e assim seguia dirigindo. Visitava os amigos das áreas rurais.
Descanso S.C. haviam poucos moradores.
A família da minha mãe tbm moravam na cidade.
A irmã da minha mãe Caroltcha, casada com o tio Sigmundo,  tinha um bar e um salão de bailes..Aos domingos depois da missa vinham tomar seu café ou comer mondongo, as vezes o frio era o prato predileto o que aquecia.
Nesta época eu deveria ter 5 anos eu estava na casa destes meus tios.
O irmão dele tinha chegado de Porto Alegre e ficava ajudando no bar.
Sempre dava um jeito de nos pegar no colo e mexer brincando na nossa calcinha.
Eu muitas vezes queria sair do colo dele.
A tia não entendia dizia fica no colo do seu tio
Ele nem era meu tio.
Sempre q podia fugia dele.
 Ele era um pedófilo. 
Depois foi embora com a família para Porto Alegre. 
Qdo completei 8 anos.
Dia 8/12/1964 minha primeira comunhão. 
Eu vestida minha mãe me leva para me mostrar ao meu pai, ele disse está parecendo uma noivinha.
 Os dias eram de felicidade com minha família e irmãos.  
Próximo ao hospital tinha um pomar, época de pêssego, eu e minha irmã mais nova fomos comer.
Eu subi no pé e ela embaixo esperava eu jogar pra ela.
De repente apareceu um rapaz era o pedreiro do hospital conhecido por todos.
Falou pra minha irmã tua mãe está te chamando.
Ela foi ele disse vc desse que eu tiro os pêssegos pra vcs.
Qdo eu desci ele me agarrou tentou me estuprar, colocou um lenço na minha boca.
Eu gritei muito mesmo assim ele me largou e me machucou.
Só que a minha irmã  viu e foi correndo contar pra minha mãe. 
Qdo eu cheguei, meu pai me perguntou o q tinha acontecido,  e eu contei.
Minha mãe mandou eu rezar o terço. 
Eu rezei o terço inteiro Glória ao pai ao filho e ao Espírito Santo  Assim como era no princípio agora e sempre Amém. 
A inocência daquela criança vcs não imaginam.
Vou parar porque estou em lágrimas 
Tadinha da minha mãe eu não sei o que ela pensou.
Naquela época cidade pequena todos ficaram sabendo,  de uma certa maneira fiquei falada, com olhares, vai saber.
Aí veio o Delegado boletim de ocorrência. 
O Rapaz foi preso e expulso da cidade.
Chegou o dia eu estava numa mesa, promotor juiz advogado, e os meus pais.
Nunca esqueço a pergunta.  Nem sei quem fez. 
Marli doeu? E eu disse , não. 
Como não, se eu gritei de dor.
O tempo foi passando, eu na minha inocência nem ligava, acho que não entendia muito bem o que aconteceu. 
Aí um tempo depois pegou fogo no hospital. 
O desespero da minha mãe era tão grande, ela chorava corria. 
Como aquilo tudo me doía,  o sofrimento dela.
Meu pai como sempre no jogo muitas vezes, ele perdia ia preso, ela tirava ele da cadeia.
Naquela época os relacionamentos tbm não eram fáceis, as vezes.
Ela era uma guerreira. 
Aí meus tios tinham aquele bar o salão de bailes.
Venderam para os meus pais, eles construíram outro hospital.  Foi nessa época, 1964 mais ou menos.
Não lembro muito bem as datas. 
Qdo estavam construindo, ficamos acampados naquela construção. 
Foi bem a época que teve neve no sul.
Nossa mãe fez um boneco para nós ver.
Qdo tudo acabou, eu já tinha 9 pra 10 anos.
Aquele irmão do meu tio chegou sem a família. 
Eu e a Marília dormíamos em um quarto.
O hospital estava lotado, minha mãe colocou ele pra dormir no quarto que eu e a Marília dormíamos. Eu fui dormir na cama com a Marília. 
De madrugada eu acordei com ele tirando minha calcinha já na cama dele, eu comecei a gritar.
Minha avó batia na porta, ele correu me colocou na cama de volta.
A porta do quarto ele havia trancado.
Qdo ele abriu, disse , ela deve estar tendo um pesadelo.
Não contei pra ngm o ocorrido, nem pra minha mãe. 
Só  comecei a contar depois q minha mãe faleceu,  mas, ngm acreditava em mim.
Minha mãe logo adoeceu, sem saber o que tinha acontecido comigo, vendeu o hospital para o Doutor Arnaldo que já estava trabalhando no hospital com ela quase um ano.
Eu tinha ido com ela buscar eles em Jabora S.C
Doutor Arnaldo e dona Silvia sua esposa.
 Minha mãe ficou de um hospital a outro desde Erechim, Porto Alegre a Frederico wetfalem onde ela veio a falecer.
Ela tinha uns ataques precisava de oxigênio. 
Aí qdo ela foi pra Frederico o médico foi operar ela de visicula. 
Onde ela veio a Óbito. 
33 anos ela tinha, uma menina muito amada naquela cidade.
Eu nunca vi tanta gente que chorou a morte dela.
Meu pai recebeu o seguro um valor alto. Além das propriedades. 
Perdeu tudo no jogo, tivemos que viver de favores.
Meu pai saiu fugido da cidade.
Eu e minhas irmãs ficamos aos cuidados da irmã da minha mãe. 
A diferença de idade delas era 19 anos.
Minha tia já tinha seus filhos casados.
Viviam das plantações de trigo, feijão. Meu tio tinha uma terra onde ele plantava, saia 4 horas da manhã e retornava as 6 horas da tarde, a distância era de 6 km ele ia de carroça. 
Muitas vezes trazia milho,  e outras coisas, eu e minhas irmãs a gente descarregava.
O marido da minha tia Caroltcha foi como um pai, cuidava de nós com carinho e respeito.  O contrário do irmão dele que qdo vinha, eu e minhas irmãs tínhamos que se esconder e não ficar perto dele.
Eles o chamavam de Pilarek.
Aí ficamos com essa nossa tiazinha 4 anos até nosso pai com o nosso irmão dar notícias. 
E virem nos buscar.
Meu pai qdo fugiu levou meu irmão foram cortar palmitos no meio do mato.
Ele largava meu irmão e ia pra mesa de jogo.
Foram momentos muito difíceis. Aí vieram pra São Paulo,  depois de um tempo mandaram nos buscar.
Ele estava tendo crises de labirintite ficava vários dias na cama. 
Aqui ele trabalhou numa construtora Indi como chefe de obras, e se aposentou devido a doença.  
A nossa chegada foi uma festa, eita que as caipiras chegaram cumprimentando todas as pessoas até entender.
Aqui era diferente,  ficamos encantadas, logo arrumamos empregos.
E o vício voltou ele buscava nosso pagamento.
A gente dava nem se importava, afinal estávamos todos juntos.
Nós não tínhamos máquina de lavar, daí ele lavava os lençóis colchas dizia que era pesado pra nós. O meu irmão começou trabalhar no cartório foi estudar. Eu e a Mariza tbm começamos a estudar, morávamos nas Perdizes. A Escola era Zuleika de Barros, mas o emprego não  dava para continuar.  
A gente precisava ajudar tinha de trabalhar.
Depois de dois anos de São Paulo  me casei, grávida de gêmeas. 
E com tudo o que aconteceu na minha vida decidi que cuidaria dos meus filhos pra que tivessem um futuro brilhante. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

**Aprendizados**

**"Renovação na Calmaria"**Hoje está tudo calmo, graças a Deus. A tempestade se afastou, trazendo serenidade.E em meio ao silêncio, sinto a força renascer. Uma nova esperança, uma doce tranquilidade.Vou me fortalecendo, uma vez e outra vez. Como a fênix que ressurge das cinzas.Cada desafio me ensina a valorizar. A beleza de recomeçar, a luz que me guincha.As feridas vão cicatrizando com o tempo. E o peso da dor se torna mais leve A gratidão ocupa o espaço da angústia. E em cada respiração, a vida se escreve.Acalmo meu coração, ouço a voz interior. Que me lembra da força que sempre esteve aqui. E mesmo quando a vida traz desafios Eu sei que sou capaz de seguir e existir.Hoje, celebro essa paz que me envolve. A certeza de que tudo tem seu lugar. E mesmo nas lutas, há um aprendizado. Que me guia e me ensina a amar.Assim, vou me fortalecendo, dia após dia. Agradecendo por cada momento de luz. Pois a vida é um ciclo de altos e baixos, E eu sou a dançarina que se recusa a se reduzir. Marly Hayduk

**O Mar**