Mãe sua história, Minha Vida.

**"Legado de Uma Grande Mulher"**

Minha história começa em um local que foi não apenas um hospital, mas o coração pulsante da cidade de Descanso, em Santa Catarina. Nasci ali, cercada pelo amor e cuidado dos meus pais, que dedicaram suas vidas a cuidar dos outros. Eu, Marli, cresci junto com meus irmãos — Airton, Marília e Mariza — em uma infância repleta de memórias felizes, risadas e o calor de uma família unida.Minha mãe Vitória Hayduk  Poletto, Pai Lito Antônio Poletto. 
O nome de nascimento dela era Ladislava Hayduk na certidão.  Naquela época o escrivão passou na casa do meu avô e perguntou,  como a menina vai se chamar, meu avô respondeu, o dia do santo de hoje, dia de São  Ladislau. Ele sabia tudo da família e registrou o nome da minha mãe 
 Só que a minha Bathia,em Polones, avó, não gostou do nome no batismo deu o nome de Vitória o mesmo nome da sua madrinha. Por isso, hoje na cidade de Descanso o nome da minha mãe de registro. LADISLAVA HAYDUK POLETTO. MAS, AS PESSOAS DA CIDADE A CONHECIAM COMO " VITÓRIA"


Aquele hospital era uma casa de madeira que fazia um L separando nossa casa do hospital a parte do hospital tinha dois pisos, era suficientepara aquela pacada cidade; era um refúgio, um lar para muitos. Nossa mãe, uma mulher admirável, era a alma daquele lugar. Formada em Farmácia na capital, Florianópolis, ela não apenas atendia pacientes, mas também se tornava uma figura central na vida da comunidade. Muitas vezes, quando médicos faltavam, ela se aventurava a realizar partos, mostrando uma coragem e uma destreza que desafiavam as expectativas.

Lembro-me das histórias que circulavam sobre suas realizações. Nossos  primos nos contam das  experiências de vida ligadas a ela. Uma vez, faltando um médico, ela mesmo fez uma laqueadura. Em outra ocasião, operou um caso de apendicite. Outra que tenho uma lembrança e de ter visto ela tirar bernes  do joelho de um rapaz, ela contou tirou 15, naquela época o médico se chamava doutor João ele queria cortar a perna do rapaz, minha mãe fez com que meu pai levasse o medico a algum lugar, e neste interím ela aproveitou, e tirou os  bernes do seu joelho,  salvando o rapaz de perder a perna. São  histórias que eu presenciei.Sua determinação e habilidades eram impressionantes, e a cidade inteira a respeitava e a admirava.

Mas um dia, a tragédia bateu à porta de nossa vida. Um incêndio devastador tomou conta do hospital, transformando aquele espaço sagrado em cinzas e desespero. Minha mãe, uma mulher forte e resiliente, não se deixou abater. O desespero que se apoderou dela foi apenas temporário, pois ela sabia que o legado que havia construído não poderia ser esquecido. Seu cunhado Sigmundo, que tinha um bar e um salão de baile, decidiu vender o estabelecimento para ela. Com coragem e determinação, ela começou a reconstruir o hospital, um ato de amor por sua comunidade.

Para ajudar nesse novo começo, ela foi até Jaborá, em busca de um médico recém-formado, o Doutor Arnaldo, que veio acompanhado de sua esposa, Silvia. Juntos, formaram uma equipe que prometia devolver à cidade a esperança e o cuidado que ela tanto precisava. No entanto, a vida é cheia de reviravoltas inesperadas. Um ano após a reabertura do hospital, minha mãe adoeceu.

Ouvi rumores e murmúrios sobre sua doença, comentários sobre como ela havia curado tantas pessoas, mas ninguém conseguia descobrir o que a afetava. A angústia crescia em nossos corações. Quando finalmente foi operada em uma cidade vizinha, a notícia que temíamos chegou: ela não resistiu e partiu, deixando seus filhos órfãos e uma cidade em luto.

A perda de minha mãe foi um abalo profundo, uma ferida que nunca cicatrizaria completamente. Mas, em meio à dor, ficou claro que seu legado vivia em cada vida que havia tocado. Ela não foi apenas uma farmacêutica; foi uma curadora, uma mãe, uma heroína que dedicou sua vida a salvar vidas. Sua força e amor permanecerão sempre em nossos corações, lembrando-nos de que, mesmo na adversidade, somos capazes de deixar uma marca positiva no mundo.

Hoje, ao olhar para trás, percebo que minha história é, na verdade, a história dela — uma mulher extraordinária que enfrentou desafios com bravura e que, apesar de sua partida, continua a viver em nós, seus filhos, e em todos que tiveram o privilégio de conhecê-la. O hospital que ela construiu, as vidas que salvou e o amor que espalhou permanecem como testemunhos de sua luz, um legado admirável que nunca será esquecido.

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